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Avião envolvido em acidente que matou arquiteto chinês havia sido apreendido em 2019

As apurações iniciais apontam que o piloto tentou pousar, mas depois arremeteu

26/09/2025 às 16h20
Por: Redação Fonte: Isto É
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Avião operava durante a noite Foto: Divulgação/Polícia Civil
Avião operava durante a noite Foto: Divulgação/Polícia Civil

Quatro pessoas, dentre elas o arquiteto e paisagista chinês Kongjan Yu, morreram na queda de um avião na noite de terça-feira, 23, em Aquidauna, no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Há suspeita de que o voo era irregular, e em 2019 a aeronave chegou a ser apreendida durante uma operação da Polícia Civil do MS contra serviços clandestinos de táxi aéreo.

Por meio de nota, a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública) informou que “uma equipe do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul), sob comando da delegada Ana Cláudia Medina, permanece no local do trágico acidente aéreo, na zona rural de Aquidauana, fazendo coleta de testemunhos, bem como de provas e exames periciais. Uma equipe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – unidade da Força Aérea Brasileira responsável por investigar acidentes e incidentes de aviação no Brasil) também já está no local do sinistro”.

As apurações iniciais apontam que o piloto tentou pousar, mas depois arremeteu. Além disso, é investigado “o horário de tentativa de pouso, pouco mais de 30 minutos após o horário de operação da pista em questão (opera em visual diurno), sendo que o acidente teria acontecido por volta de 18h20 (anoitecer registrado na região por volta de 17h39)”.

Ainda segundo a Sejusp, o avião já chegou a ser apreendido pelo Dracco, por causa do “uso no transporte remunerado de passageiros de forma clandestina e também por apresentar manutenção irregular, sendo restituída ao proprietário posteriormente por decisão judicial, e tendo reiniciado voos apenas no corrente ano”.

Relembre o caso
De acordo com a Polícia Civil do MS, as vítimas são o piloto e proprietário da aeronave Marcelo de Barros, o documentarista Luiz Fernando Ferraz, Rubens Crispim Júnior e o arquiteto chinês Kongjian Yu. O grupo gravava um documentário na região.

Em nota, as autoridades informaram que agentes “estão em campo para a realização dos procedimentos de praxe e o levantamento de dados preliminares”.

Quem eram as vítimas
O arquiteto e paisagista chinês Kongjian Yu foi professor da Universidade de Pequim e fundador do escritório Turenscape, considerado um dos maiores do mundo.

Reconhecido internacionalmente, ele foi o criador do conceito das cidades-esponja, modelo inovador de planejamento urbano que transforma as cidades em organismos capazes de absorver, filtrar e reaproveitar a água da chuva.

Consultor do governo chinês, Yu projetou soluções em mais de 70 cidades, que hoje convivem melhor com as enchentes e os efeitos das mudanças climáticas.

Graduado em Arquitetura Paisagística pela Universidade Florestal de Pequim e doutor pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, Yu acreditava que o desenho da paisagem deveria ser uma “arte da sobrevivência”, mais do que uma expressão estética. A visão do artista inspirou políticas públicas e se tornou referência global no enfrentamento da crise climática.

Segundo a Comissão de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, Kongjian Yu esteve no País para participar da Bienal de Arquitetura e chegou a visitar o Pantanal Sul-mato-grossense, onde se dedicou a conhecer a região e refletir sobre formas sustentáveis de preservação.

Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz foi um diretor especializado em projetos de documentário e não-ficção. Desde 2007, atuou na Olé Produções, onde produziu e dirigiu inúmeros trabalhos, além de colaborar com outras produtoras do mercado audiovisual.

Entre suas obras mais recentes estiveram a direção da série “Dossiê Chapecó: O Jogo por Trás da Tragédia”, produzida pela Pacha Films para a WBD/HBO e indicada ao Emmy Internacional, e a série “To Win or To Win”, realizada para o grupo árabe MBC/Shahid sobre o clube Al Nassr FC.

Na Olé Produções, ele também assinou a produção e direção do longa “Paisagem Concreta”, sobre o arquiteto Álvaro Siza e sua relação com o Brasil, exibido no canal Arte1 e em festivais nos Estados Unidos, Canadá, Brasil, Suécia e Coreia do Sul. Também esteve à frente da direção geral da série “Algo no Espaço”, dedicada a artistas e escultores contemporâneos brasileiros.

Rubens Crispim Jr. foi um diretor de fotografia e que se dedicou a documentários e projetos culturais.

Entre seus trabalhos, o mais conhecido é o documentário “O Bixiga é Nosso!” (2024), que celebra a história e a preservação cultural do tradicional bairro paulistano, e que foi vencedor do prêmio de Melhor Filme pelo Público na Mostra Competitiva Territórios e Memórias, dentro na Mostra Ecofalante de 2024.

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