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Zema fala sobre Moraes, ditadura no Brasil e faz revelações

Zema reconhece que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, tem atuado arbitrariamente

06/10/2025 às 20h38
Por: Redação Fonte: Pleno News
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Foto: Pleno News
Foto: Pleno News

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), recebeu o Pleno.News na sede do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), em Belo Horizonte, para uma entrevista exclusiva. Na ocasião, o chefe do Executivo mineiro criticou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu anistia ampla, geral e irrestrita e admitiu que o Brasil vive uma ditadura.

CRÍTICAS PELO MOMENTO EM QUE LANÇOU PRÉ-CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Ao repórter Marcos Melo, Zema falou sobre as críticas sofridas ao anunciar sua pré-candidatura à Presidência da República em momento interpretado por parte da direita como inoportuno, uma vez que a ofensiva do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre Jair Bolsonaro (PL) escalava para a prisão e, concomitante a isso, o quadro de saúde do ex-presidente foi agravado.

– Dez dias antes do lançamento da minha pré-candidatura, (…) eu fui a Brasília, encontrei com ele [Jair Bolsonaro] pessoalmente, lá no escritório do PL, em Brasília, fui lá conversar com ele, para poder avisá-lo, antes de qualquer um. Ele foi a primeira pessoa no mundo a saber do lançamento da minha pré-candidatura pelo partido Novo, à Presidência da República. E ele falou: “Vá em frente, e quantos mais candidatos a direita tiver, melhor” – justificou.

O governador destacou que o líder da direita deu o aval à sua corrida ao Palácio do Planalto e entende que as críticas sofridas por esse episódio foram um “mal-entendido”.

– Ele deu esse aval, agora surgiu esse mal-entendido – acho que foi – porque já aconteceu no momento em que ele estava respondendo já pelo inquérito e no momento de dor familiar e etc. Mas eu compreendo perfeitamente, mas ele foi avisado e deu o ok, ou então os filhos não se inteiraram desse diálogo que eu tive com o presidente Bolsonaro.

ALEXANDRE DE MORAES
Zema reconhece que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, tem atuado arbitrariamente, contrariando “princípios básicos da Justiça”, além de ignorar que há conflito de interesses em ações de sua relatoria, onde deveria se declarar suspeito e não participar do julgamento.

– Ele [Alexandre de Moraes] tem adotado uma postura totalmente arbitrária, (…) uma postura que vai contra os princípios básicos da Justiça, principalmente naquilo que diz respeito a conflito de interesses. Em determinado processo, ele é réu, ele investiga, ele relata, ele decide, ele julga, então fica extremamente difícil de aceitar isso, né? Isso é o básico da Justiça. Se eu tenho uma causa onde eu estou envolvido, a minha esposa, o meu filho, e eu sou juiz, eu vou falar: “Não, um outro vai julgar isso aqui”. Isso não tem acontecido no Brasil.

NARRATIVA SOBRE TENTATIVA DE GOLPE DE ESTADO
O chefe do Executivo mineiro também expos sua visão a respeito da suposta trama golpista.

– O Brasil pode se dar ao orgulho, ou à vergonha, não sei o que seria, de ter tido a única tentativa de golpe de Estado do mundo sem uso de armas, com uso de batom, com uso de outros instrumentos que não armados. Quando se fala em golpe de Estado, o que se vem em mente é um Exército marchando, ou rebeldes, ou tanques de guerra, etc… Aqui foi caracterizado, considerado como tentativa de golpe de Estado aquela manifestação de 8 de janeiro de 2023, e penas descabidas, nós temos de lembrar, penas totalmente descabidas. Nós temos, hoje, assassinos, pessoas do mal, bandido mesmo, com penas muito menores do que o pessoal que participou de uma manifestação que, sequer, encostou em outra pessoa para estar ferindo. Então você vê que tem dois pesos e duas medidas claramente, evidente.

Zema voltou a discordar de Moraes, declarou que a Suprema Corte vem sendo utilizada como “instrumento de perseguição política”, e defendeu a discrição para o exercício da magistratura, preceito ignorado pelos ministros do STF.

– Parece que o ministro [Alexandre de Moraes] tem tido essa postura, infelizmente. Do meu ponto de vista, a Justiça no Brasil, principalmente por parte do Supremo Tribunal Federal, tem sido utilizada como um instrumento, uma ferramenta de perseguição política e não propriamente para fazer Justiça. (…) Você vê claramente que tem muita distorção nesses julgamentos. É muito ruim quando o Judiciário começa a fazer política. Em outros países do mundo, juízes nem aparecem para a imprensa, nem dão entrevista, depoimentos, etc… Eles estão lá para julgar.

O político seguiu criticando a desordem institucional que o país atravessa por sobreposição do Judiciário sobre os demais Poderes.

– O Legislativo existe para traçar o futuro. Construir as leis, definir as leis que vão nos levar naquela direção. O Executivo para executar isso no presente, para poder falar: “Está acontecendo aquilo que foi planejado”. E o Judiciário, para julgar o que já passou. Agora, aqui no Brasil, parece que fez aí uma lambança, uma mistura, que não tem funcionado, e tem criado, de certa maneira, um governo totalmente disfuncional. É o Judiciário legislando e criando uma série de problemas que nós temos enfrentado.

DENÚNCIAS DE EDUARDO TAGLIAFERRO CONTRA MORAES
Questionado sobre seu ponto de vista a respeito das denúncias feitas pelo ex-assessor de Alexandre de Moraes no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que chegou a declarar que houve perseguição sistêmica contra Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, e favorecimento a Lula (PT), que acabou eleito por estreita vantagem, pouco mais de 2 milhões de votos. Zema, então, apontou que houve favorecimento à esquerda e esta distinção feita pela Justiça Eleitoral acabou contribuindo para a vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro.

– Eu vejo ela [denúncia] como fundamentada. (…) Ficou muito claro: havia ali dois pesos e duas medidas. O que a esquerda fazia nas redes sociais, na TV, tudo liberado. Qualquer coisa que a direita fazia, “não, isso aqui não pode”. Você começa a perceber claramente que havia uma distinção, e certamente contribuiu para que a esquerda tivesse mais facilidade para poder vencer a eleição.

JAIR BOLSONARO, PRESO POLÍTICO
Questionado se o ex-presidente Jair Bolsonaro seria um preso político, vítima dessa perseguição empreendida pelo Judiciário à direita, o governador foi categórico.

– Com toda certeza!

Em seguida, ele defendeu anistia ampla, geral e irrestrita aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, no Distrito Federal.

– Precisamos da anistia no Brasil. Eu sou favorável, caso eleito presidente, sendo eleito presidente, será uma das primeiras medidas, nós já anistiamos no Brasil, no passado, verdadeiros terroristas, que pegavam em metralhadoras, que sequestravam, que assaltavam banco e que mataram, assassinos. E o pior, além de terem sidos anistiados, eles recebem uma bolsa-terrorista do Estado, mas são todos de esquerda. Se a esquerda teve esse tratamento, por que a direita não pode ter? E olha que a direita não pegou em arma, a direita não sequestrou, não matou ninguém.

– Nós precisamos pacificar o Brasil. Enquanto você não pacifica, você não avança em direção ao futuro. (…) Defendo anistia ampla, total e irrestrita.

BRASIL, “DITADURA DISFARÇADA”
Perguntado se o Brasil vive, atualmente, uma ditadura, o governador não tergiversou e reconheceu que o que está em curso no país é uma “ditadura disfarçada”.

– É uma ditadura disfarçada, vamos dizer assim. Eles não estão aí com policiais na rua, te escutando, mas te deixaram, vamos dizer, meio que algemado. Então hoje, realmente, a direita tem toda essa dificuldade, devido todo esse aparato que foi montado, mas eu continuo extremamente confiante por um simples motivo: o que a esquerda está fazendo aí, não vai dar em nada. Eu falo que a economia brasileira não está crescendo, ela está inchando a poder de anabolizante. (…) Não sei se vai levar mais seis meses, mais um ano, mais cinco, mais dez… Não foi assim com a Dilma [Rousseff]? Não é sustentável. É meio que uma pirâmide financeira, tem data para poder acabar.

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